Cérebro e Intestino: uma conexão que começa na infância

29 de ago. de 2025

Você já percebeu que quando a criança está ansiosa, pode reclamar de dor de barriga ou ter diarreia? Ou que, em fases de muita preocupação ou mudanças na rotina, o intestino pode ficar preso? Isso acontece porque o cérebro e o intestino estão em constante comunicação, através do chamado eixo cérebro–intestino.

Essa relação é tão importante que muitos especialistas chamam o intestino de nosso “segundo cérebro”.

O que é o eixo cérebro–intestino?

O intestino possui uma rede própria de neurônios, o sistema nervoso entérico, que conversa o tempo todo com o cérebro pelo nervo vago. Além disso, hormônios e neurotransmissores produzidos no intestino participam diretamente da regulação do humor, do sono e até da capacidade de concentração.

Curiosidade: cerca de 90% da serotonina, substância ligada ao bem-estar e ao equilíbrio emocional, é produzida no intestino!

O papel do aleitamento materno

O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e mantido até pelo menos 2 anos de idade (junto com a alimentação complementar) é o primeiro e mais importante estímulo para uma flora intestinal saudável.

O leite materno contém:

  • Bactérias benéficas (como bifidobactérias)

  • Prebióticos (como oligossacarídeos do leite humano), que alimentam as bactérias boas do intestino do bebê

  • Anticorpos e fatores imunológicos, que protegem contra infecções e regulam o equilíbrio intestinal

Além de proteger contra alergias e doenças, o aleitamento materno tem efeito positivo no neurodesenvolvimento, ajudando na formação das conexões cerebrais, no equilíbrio emocional e até no desempenho cognitivo futuro.

O papel da flora intestinal nas crianças

O intestino abriga trilhões de microrganismos, formando a flora intestinal, que é fundamental para:

  • Melhorar a digestão e absorção dos nutrientes

  • Fortalecer a imunidade, ajudando a prevenir infecções

  • Contribuir para a regulação das emoções e do comportamento

Quando há um desequilíbrio da flora (disbiose intestinal), podem aparecer sintomas como dor abdominal, gases, constipação ou diarreia. Estudos mostram também que a disbiose está ligada a alterações emocionais, como maior ansiedade, irritabilidade e dificuldades de sono.

Como emoções e rotina afetam o intestino da criança

  • Estresse escolar ou familiar pode causar dor de barriga, diarreia ou intestino preso

  • Ansiedade e mudanças de rotina (como início das aulas ou chegada de um irmãozinho) afetam diretamente o ritmo intestinal

  • Sono irregular e alimentação desbalanceada também prejudicam a flora intestinal, impactando tanto o intestino quanto o humor

Como cuidar da saúde intestinal e cerebral das crianças

Alguns hábitos simples ajudam a fortalecer essa conexão:

  • Aleitamento materno: exclusivo até os 6 meses e mantido pelo máximo de tempo possível

  • Alimentação rica em fibras: frutas, verduras e grãos integrais todos os dias

  • Alimentos fermentados: iogurte natural e kefir (quando bem aceitos) ajudam a diversificar a flora intestinal

  • Boa rotina de sono: crianças que dormem bem têm melhor equilíbrio intestinal e emocional

  • Brincadeiras e atividade física: correr, pular e se movimentar ajudam no trânsito intestinal e reduzem o estresse

  • Reduzir o excesso de telas: o uso prolongado pode afetar sono, humor e até a saúde intestinal

Dica: Pequenas mudanças graduais, como substituir pão branco por integral ou oferecer frutas como lanche, ajudam muito na manutenção da flora intestinal infantil.

Quadro de alimentos que influenciam a flora intestinal

Alimentos que Melhoram a Flora Intestinal

Alimentos que Podem Prejudicar a Flora Intestinal

Frutas frescas (maçã, pera, banana, mamão)

Doces industrializados, balas e chocolates

Verduras e legumes (cenoura, abóbora, brócolis, espinafre)

Salgadinhos, fast food e frituras

Grãos integrais (aveia, arroz integral, quinoa)

Pão branco, massas refinadas

Iogurte natural, kefir e outros fermentados

Bebidas açucaradas, refrigerantes

Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico)

Alimentos ultraprocessados com conservantes e corantes

Oleaginosas (castanha, nozes, amêndoas)

Excesso de gordura saturada e frituras

Água suficiente diariamente

Excesso de cafeína ou energéticos (em crianças)

Conclusão para pais e cuidadores

O eixo cérebro–intestino mostra que cuidar do intestino da criança é também cuidar de sua saúde emocional. Desde o início da vida, o aleitamento materno é a base dessa saúde integrada, ajudando na imunidade, no desenvolvimento do cérebro e na formação da flora intestinal.

Alimentação equilibrada, sono adequado e momentos de brincar e relaxar completam esse cuidado. Um intestino saudável na infância contribui para melhor aprendizado, mais equilíbrio emocional e uma imunidade fortalecida.


Te ajudo a ser protagonista no desenvolvimento da criança

© 2025 Dra. Kátia Bueno CRM: 36723 RQE: 20855

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